segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Lançamento de livro: Profundanças

Antologia literária e fotográfica organizada por mulheres
é disponibilizada para download gratuito

            Democratizar o acesso à literatura. Conferir visibilidade à escrita de mulheres. Eis os principais objetivos da ação cultural intitulada Profundanças. Dessa ação coletiva surgiu uma antologia literária e fotográfica, a qual está disponível para download gratuito, por tempo indeterminado, a partir do site www.vooaudiovisual.com.br. A antologia, que foi lançada virtualmente no dia 06 de dezembro de 2014, inaugura a linha de publicações da produtora baiana Voo Audiovisual, cuja atuação tem se dado no campo da produção cinematográfica.
            Profundanças (antologia literária e fotográfica) já nasceu como projeto colaborativo e sem fins lucrativos. Organizada pela poeta e professora da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Daniela Galdino, a antologia reúne treze autoras inéditas ou com apenas um livro, além de quatorze fotógrafas/os. Como resultado tem-se uma publicação múltipla, com colaboradoras/es da Bahia, de Pernambuco e São Paulo. Reside aí outro aspecto positivo: o entrecruzamento de dicções e olhares vários. O livro traz poemas, contos e crônicas, além de treze ensaios fotográficos.
            A intencionalidade do projeto é conferir visibilidade às produções que encenam outros lugares para os corpos de mulheres, ou seja, formas sensíveis de autorrepresentação. Conhecendo de perto a escrita dessas mulheres e com a ânsia de ampliar as possibilidades de interações, a organizadora, a partir das experiências de deslocamentos geográficos realizados nos últimos três anos, amadureceu a ideia de organizar uma antologia que trouxesse à tona o que se chama de “cadeia ininterrupta de insurgências” (para usar uma expressão da crítica indiana Gayatri Spivak). O lugar ocupado pela literatura na vida das autoras que participam do projeto é imenso: forma de sobrevivência(s), contragolpes certeiros, antídoto ao desencanto.
Como a literatura sempre se abre a outras possibilidades de diálogo, veio a necessidade de inserir o trabalho de jovens fotógrafas/oss sensíveis às formas de resistência feminina. Portanto, para cada autora convidada tem-se um/a fotógrafo/a que produziu um ensaio cujo foco é a revelação da presença de mulheres nos seus espaços de origem/atuação. A atmosfera de cada ensaio foi de livre criação da/o fotógrafa/o correspondente, sendo que o conjunto de imagens refuta a visualidade hegemônica que transforma os corpos femininos em produtos para consumo pré-determinado.
Toda a ação colaborativa relacionada à antologia Profundanças tem se dado a partir da internet, especialmente das redes sociais, com experiências alternativas de divulgação literária. Com isso, o grupo se lança ao desafio de burlar as barreiras impostas pelas dinâmicas do mercado editorial, priorizando as possibilidades de interação com leitoras/es. A articulação junto a coletivos de artistas, mediadores da leitura literária e seguidores das redes sociais tem se apresentado como a forma mais viável para atingir círculos amplos de interlocutores.
Por tais características Profundanças, mais do que um livro, é um chamamento à ciranda cultural, com todas as diferenças que aí residem e flutuam. E como bem observa a cirandeira pernambucana Lia de Itamaracá, “não se pode dançar ciranda sozinho”. Portanto, Profundanças requisita o senso de coletividade na criação artística e nas produções culturais, como forma alternativa de inserção no campo literário.



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